Logbooks são livros de registro de eventos importantes no planejamento, execução e avaliação de tarefas de natureza técnica. Os logbooks surgiram na área de navegação marítima, inicialmente como uma forma de registrar as leituras da velocidade de um navio através da água. Tal prática, na atualidade, se expandiu para diversas outras áreas que exigem a realização de tarefas com progressivo aperfeiçoamento das mesmas.
Um exemplo muito comum está nas práticas laboratoriais. Em geral, quem trabalha em um laboratório de experimentação, seja qual for, sempre mantém um logbook contendo o descrição do planejamento e da metodologia dos experimentos realizados, bem como os resultados obtidos. Esse tipo de controle permite ao cientista saber exatamente o que ele fez quando um experimento deu certo e o que ocorreu em um experimento que não foi bem sucedido. Assim, nas próximas vezes que ele for realizar esse experimento novamente, ele sabe o que pode dar errado e como deve proceder para que o seu tempo e trabalho sejam bem utilizados. Existem, ainda, muitas outras razões para se manter um logbook no campo das ciências experimentais, incluindo questões éticas e legais, como permitir que o orientador acompanhe o trabalho de seu orientado e subsidiar publicações e pedidos de patente.
Na área cirúrgica, a utilização de logbooks não é tão frequente, embora manter tal prática também apresente muitas vantagens para o cirurgião. Para o residente, o logbook permite registrar seu treinamento em detalhe para que cada experiência possa ser gravada e as possíveis deficiências identificadas e remediadas. Para os médicos assistentes ou professores, essa ferramenta funciona como uma forma avaliar o treinamento geral e fornecer experiências personalizadas para os residentes nas áreas onde é mais necessário. Na Inglaterra, para requerer o ‘Certificate of Completion of Training’ na área de cirurgia geral, é uma exigência que os residentes apresentem um logbook validado com os procedimentos que eles performaram durante seu treinamento. Discute-se, também, o uso de tais logbooks para garantir que o residente tenha realizado um número mínimo de procedimentos em diferentes áreas e, a partir daí, conferir a ele sua certificação. Esse “número mágico”, entretanto, é motivo de longos debates.
Independentemente de haver ou não uma regulamentação nesse sentido, deve ser de interesse do próprio cirurgião em treinamento manter um registro de suas atividades. Os dados dos logbooks podem incluir as cirurgias realizadas, os procedimentos executados e os cursos concluídos. Isso fornece um conjunto de informações abrangentes, que pode fornecer informações úteis sobre o nível de treinamento do cirurgião, tanto para seu próprio processo de auto-avaliação quanto como uma espécie de curriculum vitae para seus empregadores. O logbook é, portanto, também uma ferramenta para se destacar nas competitivas especialidades cirúrgicas.
REFERÊNCIAS
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Achuthan, R., Grover, K. & MacFie, J., 2006. A critical evaluation of the electronic surgical logbook. BMC medical education, 6, p.15.
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Allum, W. et al., 2013. General Surgery Logbook Survey. The Bulletin of the Royal College of Surgeons of England, 95(4), pp.1–6.
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Gómez Díaz, C.J. et al., 2015. Surgical electronic logbook: A step forward. Cirugia espanola, 93(10), pp.651–657.