A aplicabilidade de imagens híbridas no diagnóstico e manejo de doenças cardiovasculares.

Exames de imagem são essenciais no planejamento, execução e acompanhamento de procedimentos cardíacos. Eles possibilitam a obtenção de dados morfológicos e funcionais que permitem uma abordagem terapêutica mais acurada e personalizada. Desde a última década, o conceito de imagens híbridas, caracterizado pela combinação de diferentes modalidades de exames de imagem, tem ganhado popularidade, mostrando-se uma promissora ferramenta complementar para o cardiologista e cirurgião cardiovascular.As primeiras fusões de imagem produzidas objetivaram a correlação entre a anatomia coronariana e possíveis áreas de isquemia miocárdica. Exames como a tomografia computadorizada multi-slice (MS-CT), tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT), tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), angiotomografia computadorizada (Angio-CT), ecocardiografia e ressonância nuclear magnética (NMR) foram combinados para tal finalidade.

Posteriormente, esse conceito passou a ser aplicado no diagnóstico de infecções de próteses valvares e como importante auxílio na seleção do tamanho adequado de prótese valvar para procedimentos transcateter. Mais recentemente, sistemas que fusionam imagens em tempo real, usando principalmente fluoroscopia/angiografia e tomografia computadorizada, têm sido usados em intervenções endovasculares, nas salas híbridas.

Dentre os benefícios citados em estudos recentes sobre fusão de imagens, destaca-se o significativo aprimoramento de sensibilidade e especificidade na detecção de aspectos anatômicas e funcionais, o que auxilia tanto no diagnóstico como no manejo de patologias cardíacas. Estudo de Gaemperli et al. (2007) que avaliou pacientes com lesões coronarianas usando Angio-CT e SPECT encontrou um significativo ganho de especificidade em relação à severidade da lesão coronariana, quando comparado ao uso de exames de imagem isolados. Já no diagnóstico de endocardite em próteses valvares, Tanis et al. (2013) fusionaram imagens de Angio-CT e 18F-FDG-PET, mostrando o benefício dessa técnica tanto na detecção de vegetações como na identificação de anormalidades anatômicas na raiz da aorta e obstruções coronarianas.

Embora muitos estudos tenham indicado benefícios do uso de imagens híbridas, ainda não se dispõe de análises robustas avaliando a real necessidade do ganho extra de informações que a técnica oferece. Além disso, a adicional exposição à radiação, ao se combinar modalidades que emitem radiação ionizante, e o elevado custo podem ser considerados outros limitantes ao amplo uso da técnica.

Assim, imagens híbridas cardíacas têm mostrado um potencial benefício de aprimoramento da prática cardiológica. A tecnologia que, aliada à prática clínica, pode beneficiar a abordagem terapêutica cardíaca.

Figura 1: Fusão de CT e fluoroscopia sendo usada para procedimento de ressincronização cardíaca (Biaggi et al., 2015).

Figura 2: Fusão de Angio-CT e SPECT na avaliação de lesão coronariana (Gaemperli et al., 2011).

Bibliografia

Biaggi, P., Fernandez-Golfín, C., Hahn, R. and Corti, R. (2015). Hybrid Imaging During Transcatheter Structural Heart Interventions. Current Cardiovascular Imaging Reports, 8(9).

Gaemperli, O., Bengel, F. and Kaufmann, P. (2011). Cardiac hybrid imaging. European Heart Journal, 32(17), pp.2100-2108.

Gaemperli, O., Schepis, T., Valenta, I., Husmann, L., Scheffel, H., Duerst, V., Eberli, F., Luscher, T., Alkadhi, H. and Kaufmann, P. (2007). Cardiac Image Fusion from Stand-Alone SPECT and CT: Clinical Experience. Journal of Nuclear Medicine, 48(5), pp.696-703.

Rochitte, C. (2012). O papel dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia em uma nova era da imagem cardiovascular não invasiva. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 98(1), pp.3-5.

Tanis, W., Scholtens, A., Habets, J., van den Brink, R., van Herwerden, L., Chamuleau, S. and Budde, R. (2013). CT Angiography and 18F-FDG-PET Fusion Imaging for Prosthetic Heart Valve Endocarditis. JACC: Cardiovascular Imaging, 6(9), pp.1008-1013.

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