Dor Torácica e suas Atipias

A síndrome X cardíaca constitui uma entidade clínica semelhante a angina do peito, onde há isquemia miocárdica, porém com coronárias anatomicamente saudáveis. Já foram estabelecidas várias hipóteses etiológicas para tal, a saber: disfunção endotelial (angina microvascular), anatomia coronariana (ponte miocárdica, p. ex.), resistência insulínica, exacerbação da atividade adrenérgica, desaferentação sensitiva e deficiência de estrógeno (este especialmente nas mulheres no período peri-menopausa ou pós-menopausa).

Ainda como parte dos diagnósticos diferenciais, temos causas não cardíacas de dor torácica como síndrome de tietze, espasmo esofagiano, pleurite/pneumopatias, hiper-reatividade coronariana, ponte miocárdica e/ou distúrbios reumatológicos (fibromialgia).

O diagnóstico pode ser feito através de testes como ECG (normal ou com alterações inespecíficas de segmento ST-T), cateterismo cardíaco (incluindo o estudo do fluxo coronariano com nitroglicerina e acetilcolina) ou eventualmente ecocardiograma, tomografia e ressonância. Também é de suma importância descartar doenças estruturais do coração, como miocardiopatias e arritmias. Ainda, existe a vertente que postula a documentação de isquemia, seja por meio de teste ergométrico, ecocardiograma com estresse ou cintilografia.

O tratamento é multifacetado, envolvendo mudanças comportamentais (como cessar tabagismo, melhora da obesidade, atividades físicas) e farmacológicas (betabloqueadores, bloqueadores de canal de cálcio, anti-anginosos, antidepressivos, reposição hormoanl). Terapias inovadoras como estimulação da medula espinal, simpatectomia ou contrapulsação externa reforçada também podem ser uma opção, após avaliação criteriosa de cada caso. A literatura ainda é pouco elucidativa quanto a indicação de tratamento cirúrgico propriamente dito.

Por entrar no espectro de angina, existe o frequente questionamento sobre a progressão da doença. É fator de risco para doença coronária? Ainda não é bem estabelecido, mas estudos observaram, num follow up de 10 anos, a plausível coexistência de síndrome X e doença coronariana.

Sendo mais prevalente em mulheres, a síndrome X é um quadro importante, por vezes limitante, que deve ser pensado e investigado dentro das várias causas de dor torácica, dada a sua importância epidemiológica e seu impacto na população.

Referências:

https://www.nhlbi.nih.gov/health/health-topics/topics/hdw

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