A prevalência da doença coronariana, associada ou não a outras comorbidades, é de grande importância em nosso meio, tanto pela sua gravidade, impacto social, custos e modalidades de tratamento. Hoje dispomos de estratégias hemodinâmicas e cirúrgicas ou até mesmo combinação de ambos.
Por hora, faremos alguns breves comentários sobre o estudo Comparate Acute Trial, publicado recentemente no New England Journal Of Medicine. O grande acerto no tratamento do IAMCSST é o tempo gasto entre o diagnóstico, identificação e reestabelecimento do fluxo sanguíneo na artéria culpada, sendo o cateterismo cardíaco de grande valia para tal.
A literatura dispõe tanto de estratégias conservadoras (tratando apenas a artéria culpada) como estratégias pujantes (tratando lesão culpada e não culpada). Vale lembrar que o cateterismo cardíaco pode subestimar ou superestimar o impacto funcional das estenoses coronarianas. Dentro deste contexto, podemos lançar mão do FFR (fractional flow reserve) e mensurar a real gravidade da lesão.
O estudo COMPARATE ACUTE avaliou pacientes submetidos a revascularização da artéria culpada ou a revascularização completa (com tratamento de demais artérias guiadas pelo fluxo de reserva coronariano). 885 doentes foram recrutados, sendo 590 tratados pela artéria culpada e 295 tratados com FFR. O desfecho primário foi a ocorrência de mortalidade, infarto não-fatal e eventos cerebrovasculares (MACCE) em 12 meses. E os números foram surpreendentes: 23 eventos no grupo artérias + FFR e 121 eventos no grupo artéria culpada, delimitando uma razão 8:21 eventos a cada 100 pacientes.
Sendo assim, pacientes multiarteriais que chegam ao departamento de emergência em vigência de IAMCSST e que recebam tratamento para artéria culpada, são beneficiados com o uso adicional do FFR para tratamento das demais lesões não culpadas (lembrando da avaliação coronariana funcional, não apenas a anatômica…), mudando prognóstico, incidências de eventos e, acima de tudo, qualidade de vida.
Referências:
Fractional Flow Reserve-Guided Multivessel Angioplasty in Myocardial Infarction. N Engl J Med. 2017 Mar 30;376(13):1234-1244.
0