Incitada pelas recentes evoluções técnico-científicas e seguindo a tendência internacional de reformulação do treinamento dos cirurgiões cardiovasculares (1), a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) decidiu, em sessão plenária de 2017, aprovar a mudança de 4 para 5 anos da residência de cirurgia cardiovascular e excluir a antiga necessidade de pré-requisito em cirurgia geral (2).
Essa relevante decisão trouxe novas definições válidas a partir de 1º de março de 2018 e delineiam ainda a Matriz de Competências dos programas de residência em uma tentativa de uniformizar, dentro do possível, a formação dos cirurgiões cardiovasculares em todo o território nacional.
A residência, segundo a resolução, deverá possuir uma carga horária de sessenta horas semanais, nelas incluídas um máximo de 24 horas de plantão com um mínimo de 10% e um máximo de 20% destinados a atividades teórico-práticas.
A Matriz de Competências dos programas de residência médica define objetivos gerais e específicos para o treinamento e os rodízios a serem realizados em cada ano, além de definir as competências que o residente deve ter adquirido ao término de cada ano de residência (matriz completa disponível no link). Isso permite ao residente realizar uma autoanálise de sua evolução e corrigir possíveis deficiências.
O objetivo básico de formar e habilitar médicos na área da cirurgia cardiovascular logicamente foi mantido, entretanto algumas alterações consequentes da modernização do programa e do maior tempo de formação se tornaram possíveis.
Algumas definições que se concentram em um contato mais amplo com outras especialidades foram incluídas. Por exemplo, durante o primeiro ano de residência serão realizados diferentes rodízios a fim de que se obtenha o conhecimento básico necessário em: hemodinâmica; métodos de diagnóstico não invasivo em cardiologia; técnica operatória; cirurgia vascular e endovascular; cirurgia torácica; circulação extracorpórea e unidade de terapia intensiva.
Outras alterações dão mais liberdade ao residente para se concentrar em seus interesses específicos. Um exemplo é que durante seis meses o R5 poderá optar por se manter na cirurgia cardiovascular como residente ou ter treinamento específico em área de sua preferência: cirurgia coronariana; cirurgia valvar; cirurgia da aorta; cirurgia cardíaca pediátrica; transplante cardíaco; ou estimulação cardíaca artificial.
As alterações no currículo traduzem anseios antigos de preceptores e residentes, contudo não existem mudanças sem traumas e críticas construtivas devem ser feitas para que o treinamento de futuros residentes mantenha-se em um constante processo de aprimoramento.
Referências:
1. http://www.sbccv.org.br/medica/imageBank/informe_cirurgia_cardiovascular.pdf
2. http://www.sbccv.org.br/medica/imageBank/matriz-de-competencias-cirurgia-cardiovascular-16-10-17.pdf
3. http://www.sbccv.org.br/medica/exibeConteudoMultiplo.asp?cod_Conteudo=1217