No AVE sem causa definida, o que é mais eficiente: tratamento medicamentoso ou o fechamento do forame oval patente?

Foi exatamente tentando responder a essa pergunta que o estudo de Sá e cols. foi escrito. Apesar da American Heart Association e a American Stroke Association não recomendarem o fechamento do forame oval patente de rotina no tratamento do acidente vascular encefálicos (AVE), novos estudos controlados e randomizados foram publicados e fundamentam essa conduta. Desta forma cria-se uma controvérsia que merece ser debatida e definida.

Neste contexto, o grupo do Pronto-socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE) organizou uma grande metanálise com mais de 3 mil pacientes analisados contribuindo com a solução deste impasse. Esta se destaca pelo rigor técnico empregado na mesma, respeitando todos os parâmetros internacionais de qualidade para metanálises. Didático na descrição dos seus métodos e com um inglês fluído o manuscrito se apresenta, de certa forma, como uma guia sobre como escrever uma boa metanálise.

Condensando os resultados de 5 grandes estudos (CLOSE 2017, REDUCE 2017, RESPECT 2013, PC 2013 e CLOSURE I 2012) a metanálise é capaz de trazer a tona e alicerçar conclusões significantes como que o fechamento do forame oval patente reduz significativamente a chance de recorrência de acidentes vasculares encefálicos, apesar de não reduzir aparentemente a mortalidade. Reforça ainda alguns dados intuitivos como que o fechamento percutâneo do forame oval patente aumenta a incidência de fibrilação atrial no curto prazo , achado esperado dada a natureza do procedimento.

Outras considerações de destaque no estudo merecem ser mencionadas como o papel do aneurisma de septo atrial e do fechamento efetivo do forame oval no desfecho final do pacientes.

Se não pelo tema de extrema relevância esta metanálise deve se tornar leitura obrigatória por sua didática e rigor metodológico. Através dela o bom leitor é capaz de internalizar diversos aprendizados que devem ser emulados naqueles que almejam produzir boa ciência no nosso país.

Referências:

1. Sá MPBO, et al. Closure of PFO vs Medical Therapy. Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery. 2018, 33(1): 88-98. São Paulo. Brazil.

0