Nos últimos anos, as especialidades cirúrgicas têm buscado métodos menos agressivos de realizar os procedimentos, objetivando menores taxas de complicações e melhores resultados estéticos. Por isso, a cada dia se desenvolvem novas técnicas que buscam melhorar os resultados pós operatórios, como mortalidade, tempo de internação hospitalar e tempo em unidade de terapia intensiva.
A revascularização do miocárdio minimamente invasiva (MIDCABG – Minimally Invasive Direct Coronary Artery Bypass) é considerado um método menos invasivo de cirurgia de reestabelecimento da circulação coronariana. Ele se diferencia da cirurgia de revascularização do miocárdio dita convencional sem circulação extra- corpórea por causa do acesso cirúrgico. Na MIDCABG, o acesso é feito via mini- toracotomia, enquanto na cirurgia convencional, ele é feito via esternotomia. Entretanto, as duas técnicas não utilizam circulação extra- corpórea.
Numa análise de literatura recentemente publicada, foram selecionados 187 artigos que abrangiam o tema, sendo que 12 foram considerados relevantes clinicamente. O levantamento demonstrou que a MIDCABG apresenta diminuição de tempo de internação total e diminuição de tempo de internação em unidade de terapia intensiva. Embora, um dos trabalhos analisados tenha demonstrado queda na mortalidade em 1 ano, a maioria dos estudos teve como resultado um aumento no risco de revascularização incompleta, de complicações precoces, de reintervenção de urgência, de repetição de revascularização, de progressão da doença nativa, de reinternação em 3 meses e de infarto pós operatório. Assim, apesar de haver certa equivalência das técnicas quanto à mortalidade operatória e em médio prazo, mas a morbidade e risco de reintervenção é maior na MIDCABG.
Discute-se a necessidade de novos estudos para comparação das duas técnicas, especialmente, porque não há padronização nos estudos utilizados e a casuística sobre o assunto ainda é pequena. Entretanto, é interessante ter cautela na indicação de abordagens consideradas menos invasivas, pois o real benefício pode ser questionável.
Referências:
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