SUSPENSÃO DAS CIRURGIAS CARDIOVASCULARES ELETIVAS


Na última quinta-feira a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, em concordância com o Ministério da Saúde (MS), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), recomendou a suspensão das cirurgias cardiovasculares eletivas em razão da rápida evolução da pandemia pelo COVID-19 no País1.

Para entender o cenário atual, acompanhe esta breve linha do tempo: o primeiro caso de pneumonia viral associado à grave insuficiência respiratória foi detectado em Wuhan, na China, em dezembro de 2019. O agente causador, um coronavírus (SARS-CoV-2), foi identificado e a doença causada por ele foi denominada COVID-192.

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já registrava 125 mil casos confirmados em todo o mundo, sendo então anunciado um estado de pandemia, ou seja, uma disseminação mundial da nova doença1.

O Brasil teve seu primeiro caso confirmado em 26 de fevereiro de 2020, um homem de 61 anos que esteve na Itália. A partir de então, o número de casos confirmados vem crescendo diariamente, totalizando, no dia 19 de março de 2020, 621 casos confirmados e 7 mortes3.

Com isso, uma nova fase de enfrentamento da epidemia se instaurou no Brasil na última semana. As medidas de distanciamento social passaram a ser cruciais para a redução da velocidade de progressão em todo o país1.  

Além das medidas preventivas, o MS, com os demais órgãos competentes recomendou, entre inúmeras outras medidas, que os leitos hospitalares sejam destinados prioritariamente aos pacientes com quadros graves de COVID-19. Recomenda-se, com isso, que os gestores suspendam os atendimentos ambulatoriais e a realização de procedimentos eletivos, uma vez que cerca de 10 a 20% dos acometidos necessitam de cuidados intensivos1,2.

Porém, de acordo com o Registro Nacional de Terapia Intensiva, o Brasil dispõe de 957 unidades de terapia intensiva e 23,74% dos leitos são ocupados por cirurgias eletivas, que poderão ser liberadas para os infectados pela COVID-194.

Com isso, diante da constatação de todo o aparato humano, tecnológico e dos insumos necessários para a realização de cirurgias cardiovasculares, assim como a atual necessidade da “desospitalização”, julga-se prudente a suspensão das cirurgias eletivas e a avaliação pormenorizada dos casos de emergência e urgência com a equipe médica responsável.

Referências

1.Conselho Federal de Medicina (CFM). Posição do Conselho Federal de Medicina sobre a pandemia de COVID-19: contexto, análise de medidas e recomendações. Brasília [acesso em 20 mar. 2020]. Disponível em: https://www.anahp.com.br/noticias/noticias-anahp/posicao-do-conselho-federal-de-medicina-sobre-a-pandemia-de-covid%E2%80%9019-contexto-analise-de-medidas-e-recomendacoes/

2. Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Preparação de URI para COVID-19: lições de experiências internacionais. São Paulo [acesso em 20 mar. 2020]. Disponível em: https://www.amib.org.br/noticia/nid/preparacao-de-uti-para-covid-19-licoes-de-experiencias-internacionais/

3. Folha de São Paulo. Acompanhe todas as informações sobre a pandemia de coronavírus. São Paulo [acesso em 20 mar. 2020]. Disponível em: https://aovivo.folha.uol.com.br/equilibrio_e_saude/2020/03/12/5888-acompanhe-todas-as-informacoes-sobre-a-pandemia-de-coronavirus.shtml#post398740

4. Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). UTIs Brasileiras: Registro Nacional de Terapia Intensiva. São Paulo [acesso em 20 mar. 2020]. Disponível em: http://www.utisbrasileiras.com.br/uti-adulto/caracteristicas-das-utis-participantes/#!/hospitais-utis-e-leitos-por-regiao

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