O uso da artéria gastroepiploica direita como enxerto na revascularização miocárdica: onde estamos?

 

A escolha do enxerto ideal é uma preocupação para os cirurgiões desde a introdução das primeiras técnicas de revascularização miocárdica (RM). Já é bem estabelecido que os enxertos arteriais, como a artéria torácica interna, apresentam melhores resultados em termos de perviedade e desfechos de mortalidade a longo prazo. Ainda assim, o uso dos enxertos arteriais ainda não é completamente difundido e não existem consensos específicos que determinem a escolha de um ou outro no procedimento[1].

Antes mesmo do uso da veia safena como enxerto, técnica desenvolvida por Favaloro em 1967, a artéria gastroepiploica direita (AGD) já havia sido utilizada em um procedimento conhecido como revascularização indireta do miocárdio, conhecida como cirurgia de Vineberg, em suas paredes inferior e posterior. Na década de 1970, o uso da AGD foi retomado como opção de enxerto na RM e diversos estudos mostraram resultados promissores com esse vaso[2].

A AGD faz parte da irrigação do estômago e está localizada na curvatura maior, sendo um ramo terminal da artéria gastroduodenal, que por sua vez se origina da artéria hepática comum. É considerada uma artéria muscular, mais suscetível ao vasoespasmo durante sua manipulação. Além disso, possui menores taxas de aterosclerose se comparada às artérias coronárias.

Figura 1. Vascularização do estômago

A AGD é indicada principalmente na revascularização da porção distal da coronária direita. Uma suboclusão de pelo menos 90% é necessária para otimizar os resultados da revascularização com esse enxerto em termos de patência e espasmo do vaso. Os resultados em longo prazo são melhores com a artéria dissecada de forma esqueletonizada, com até 90% de perviedade em 8 anos pós-procedimento. Por outro lado, a AGD possui maior risco de oclusão quando comparada a outros enxertos arteriais[1,2].

Figura 2. Aspecto final da posição do enxerto da AGD

Os enxertos arteriais para RM são diversos e requerem uma capacidade técnica maior para sua retirada, com experiência do cirurgião e adequado treinamento. Apesar disso, possuem segurança e eficácia já bem estabelecidas. O uso da AGD é recomendado por diversos grupos e deve ser visto como uma excelente possibilidade de enxerto para RM.

 

SAIBA MAIS

Apesar de não existir um guideline específico que oriente a tomada de decisão do enxerto a ser utilizado na RM, segue o algoritmo a seguir, publicado no Journal of the American College of Cardiology[1], que busca sintetizar e orientar a melhor escolha.

 

O link a seguir apresenta uma demonstração da técnica da retirada da artéria gastroepiploica: https://www.youtube.com/watch?v=OXWO6jgtXvQ

REFERÊNCIAS

  1. Gaudino M, Taggart D, Suma H, Puskas JD, Crea F, Massetti M. The choice of conduits in coronary artery bypass surgery. J Am Coll Cardiol. 2015;66(15):1729-1737.
  2. Suma H. The right gastroepiploic artery graft for coronary artery bypass grafting: A 30-year experience. Korean J Thorac Cardiovasc Surg. 2016;49(4):225-231.

 

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