Esteto ou Eco? Voltando ao começo…

“Bulhas rítmicas e normofonéticas, a dois tempos, sem sopros”; Todos nós já proferimos esta usual expressão e pode até parecer minimalista, mas o caminho percorrido e esforço investido por trás de uma ausculta cardíaca adequada é algo interessante, por vezes trabalhoso e repetitivo, porém necessário.

Nos últimos anos, as mudanças ocorridas no currículo médico chamam nossa atenção; o aluno toma contato com o paciente apenas no ciclo profissionalizante ou durante o internato; redução da carga horária em disciplinas importantes (como semiologia, anatomia, fisiologia). Guardadas as devidas proporções, isto nos permite inferir que os médicos terminam a graduação com êxito, porém ainda deficitários nas áreas básicas do conhecimento médico. Obviamente, não façamos generalizações.

Por outro lado, seguimos uma tendência diferente; a cirurgia cardiovascular é uma especialidade que agrega insumos, técnicas e tecnologias modernas, sendo um campo fértil para a pesquisa, inovação e desenvolvimento (P&D). Sejam nos fios e instrumentais cirúrgicos, nos exames de alto custo, nos procedimentos e internações dispendiosos. Desta maneira, como podemos oferecer a melhor assistência possível aos nossos doentes?

Solicitar exames complementares é uma tarefa muito fácil; abrevia o tempo de consulta e “nos poupa” do exame físico – ironicamente. Necessitamos deter de habilidade prática do mais alto nível para pedirmos exames com indicação adequada; para criticarmos um resultado e/ou imagem duvidoso; para termos poder de análise diante de um caso complexo.

Não é o intuito esgotar o asssunto, ausculta cardíaca e cirurgia cardíaca podem parecer temas tão distantes… Quando, na verdade, andam tão próximos, convivem bem entre sim, ajudam um ao outro e propiciam a melhor assistência disponível. Peça um ecocardiograma; porém peça após um bom exame físico, uma boa hipótese diagnóstica. O recurso sempre estará disponível; mas façamos uso racional deste. Médicos recém-formados devem sim estar atentos ao que ocorre de novo, ao que surge de inovação; mas também não devem esquecer as bases aprendidas durante o curso.

“Bulhas rítmicas e normofonéticas, a dois tempos, sem sopros.”

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