Registros são uma importante ferramenta para o desenvolvimento de pesquisas e a melhoria das práticas médicas. Em geral, são bancos de dados contendo informações sobre pacientes que compartilham de alguma condição, como um diagnóstico ou um procedimento em comum. Os registros podem ser completados com dados enviados pelos pacientes, por seus médicos ou pelas instituições nas quais são atendidos. Na maioria dos casos, são patrocinados por sociedades médicas ou agências governamentais.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) é uma das entidades que mantêm um registro nacional de pacientes. O BYPASS, como é chamado o registro da SBCCV, guarda informações de pacientes adultos submetidos a cirurgia cardiovascular no Brasil. O BYPASS é um registro observacional, prospectivo e longitudinal. Os dados do registro são coletados de 17 instituições distribuídas por todo o país e a população estudada caracteriza-se por pacientes com mais de 18 anos de idade submetidos a revascularização miocárdica, cirurgias valvares, cirurgias de aorta, correção de fibrilação atrial, transplante cardíaco, cirurgias para cardiopatias congênitas em adultos e suporte circulatório mecânico. Desde que foi iniciado, em Agosto/2015, já foram adicionados ao registro 1722 pacientes. Na última edição do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery (BJCVS), publicada ontem, foram reportados os resultados iniciais obtidos com esses primeiros pacientes.
Alguns dos achados iniciais mostram a epidemiologia dos pacientes incluídos no estudo. Primeiramente, 66% dos pacientes são do sexo masculino e a idade média é de aproximadamente 60 anos. Em relação às comorbidades, 30% dos pacientes são diabéticos, 46% apresentam dislipidemia, 73,6% são hipertensos e em torno de 25% são fumantes ou ex-fumantes. De todos pacientes, 24,8% já apresentavam algum grau de insuficiência cardíaca, sendo a maioria destes (48,1%) classificados como classe II da NYHA.
Os procedimentos mais comuns no registro foram, respectivamente: revascularização miocárdica (48,8%), cirurgias valvares (23,9%) e revascularização miocárdica com cirurgia valvar associada (4,3%). Os demais procedimentos representaram, cada um, 2% ou menos do total de pacientes. A abordagem cirúrgica foi convencional em 98,8% dos casos, com apenas 1,2% de cirurgias utilizando métodos minimamente invasivos. Ainda, 90,4% das cirurgias foram realizadas sob circulação extracorpórea. A mortalidade até o sétimo dia pós-operatório foi de 2,6% para as revascularizações miocárdicas, 4,4% para as cirurgias valvares e 6,5% para as cirurgias combinadas.
Conforme mais pacientes sejam incluídos no registro e mais informações sejam coletadas, maiores e mais complexas pesquisas poderão ser realizadas e importantes insights resultarão desses esforços. O BYPASS é uma importante ferramenta para a melhoria das práticas em cirurgia cardiovascular desenvolvidas no Brasil. Para conhecer melhor o registro e saber em maiores detalhes os achados descritos com os primeiros pacientes, acesse o artigo do BJCVS: http://www.bjcvs.org/pdfRBCCV/v32n2a03.pdf.
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