Filho de imigrantes italianos, Dr Felipozzi nasceu em Cajuru, interior de São Paulo, no ano de 1922. Na sua infância, morou por alguns anos em Cuneo, no Piemonte.
Estudou na Escola Paulista de Medicina, de onde foi professor emérito anos depois. Na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde também lecionou por muitos anos, desenvolveu pesquisas e criou um Heart Team, numa época em que não se tinha a ideia da importância de uma equipe.
Fazia parte da sua equipe, por exemplo, Dr Maria Vitória Martins, cardiologista pioneira no estudo de cardiopatias congênitas, que trabalhou com Helen Taussig nos Estados Unidos, cardiologista que participou da criação da técnica da primeira correção cirúrgica de um paciente com Tetralogia de Fallot.
Dr Felipozzi buscou se aprimorar nos melhores centros de Cirurgia Cardiovascular no mundo. Visitou o Children’s Hospital de Chicago, Baltimore Medical College, University of Minnesota, Mayo Clinic, Stanford University, Georgetown University e Harvard University. Entretanto, foi quando voltou ao Brasil que surpreendeu a ciência mundial. Numa época em que a mortalidade das cirurgias com uso de Circulação Extracorporea chegava a 17 óbitos de 18 pacientes operados (segundo dados de Lilehei, de 1950 a 1955), ele conseguiu criar uma máquina de Circulação Extracorporea nacional, que era mais barata e na sua casuística inicial de mortalidade era de 3% de óbitos, de 1956 a 1959. Para estudar melhor as técnicas de cirurgia com extracorporea, criou o Instituto Sabbado D’Angelo, onde operou 345 paciente com Circulação Extracorporea na mesma época.
Na ocasião da sua morte em 2004, seu discípulo e sucessor, Dr Luiz Antônio Rivetti escreveu as seguintes palavras: “Nosso Mestre possuía uma personalidade carismática, sempre cordial, educado, elegante e simpático, o que fez com que se tornasse ídolo de todos os seus discípulos sem exceção e que sempre o tiveram como amigo, mentor e conselheiro. Com uma paciência e calma invejáveis, apesar de não faltarem oportunidades de serem testadas em seu cotidiano, sempre foi exemplo de comportamento a seus colegas e alunos. Determinado, persistente e dedicado, o que o fazia ter uma força insuperável. Criativo, engenhoso e habilidoso, o que muito o auxiliou na profissão de médico, cirurgião e cientista. Numa visão mais contemporânea, tratava-se de uma pessoa com múltiplas inteligências, todas desenvolvidas em alto grau.”
Dr Felipozzi foi um dos primeiros a equiparar a nascente cirurgia cardíaca brasileira com o que era praticado no mundo. Mesmo com muito menos recursos financeiros, ele conseguiu melhores resultados que os principais cirurgiões do mundo. Seu legado para a ciência nacional é incontestável e cabe a todos nós, seus herdeiros, preservá-lo.
5