A síndrome coronariana aguda pode se apresentar de diversas e variáveis formas, dentre as quais a controversa síndrome Y cardíaca ou fenômeno do fluxo coronariano lento. Injúria miocárdica de origem aterosclerótica é rara em jovens, exceto nos casos de distúrbios lípides hereditários; sendo assim, devemos considerar doenças como miocardiopatias (viral, bacteriana, auto-imune), pericardiopatias, intoxicação exógena (cocaína, anfetaminas) e, por fim, as alterações do tônus vasomotor coronariano.
Neste último escopo, podemos citar a angina de Prinzmetal, a síndrome X cardíaca, a angina microvascular, o espasmo microvascular e o fluxo coronário lento (ou síndrome Y cardíaca).
Esta entidade é definida pela passagem lenta do contraste, ao longo da árvore coronariana, na ausência de estenose e/ou espasmo coronariano; possivelmente envolvendo o aumento da resistência no leito microvascular. Podem estar associadas disfunção endotelial (edema e degeneração celular, com hiperplasia fibromuscular), secreção inapropriada de neuropeptídeo Y, tromboxane A2 e endotelina-1 ou mesmo agregação plaquetária inadequada.
Epidemiologicamente, acomete homens jovens, fumantes e obesos. Clinicamente, apresenta-se como dor do tipo angina prolongada, no repouso, podendo apresentar alterações eletrocardiográficas (ST-T); teste de esforço e curva enzimática usualmente negativos. O tratamento pode ser realizado com betabloqueadores (nebivolol) ou bloqueadores de canal de cálcio (mibefradil). Outros anti-anginosos, como trimetazidina e nicorandil podem ser considerados. O diagnóstico permanece de difícil realização, fato este comprovado pelo número de reinternações frequentes e queda dos índices de qualidade de vida.
Referências:
- Ahmad Sharif-Yakan, Dimitar Divchev, Ulrich Trautwein, Christoph A. Nienaber. The coronary slow flow phenomena or “cardiac syndrome Y”: A review
Reviews in Vascular Medicine, Volume 2, Issue 4, Pages 118-122. - Fineschi M, GoriT. Coronary slow-flow phenomenon or syndrome Y: A microvascular angina awaiting recognition. J Am Coll Cardiol 2010;56 (3):239–240.