Figura 1: Proporção áurea e simetria do corpo humano
A proporção áurea, ou número de ouro, é um constante algébrica denotada pela letra grega Phi (1,618). Dizer que dois números estão em razão áurea significa que a razão deles é igual à razão de suas somas pelo maior dos valores ( a / b = a + b / a). Esse valor tem sido associado à proporção ‘ideal’, sendo as estruturas produzidas sob essa proporção consideradas mais simétricas e visualmente mais belas. Por isso, o Phi é usado desde a antiguidade na arquitetura, arte e música.
Além disso, tem sido observado uma clara associação entre o número de ouro e, consequentemente, a estética agradável aos olhos, e a anatomia e funcionalidade do corpo humano, em especial do sistema cardiovascular. Relativo à morfologia, Henein e colaboradores (2011) mostraram que a proporção ecocardiográfica entre a medida vertical e transversal do ventrículo esquerdo normofuncionante era aproximadamente 1,618, observando também que em estágios de insuficiência cardíaca terminal essa proporção modificou-se para 1,4 (distanciando-se da proporção áurea). Em relação ao aparato valvar mitral, foi encontrada a proporção de 1,618 como razão das dimensões (comprimento e largura) do anel mitral fisiológico, mostrando também que em indivíduos com regurgitação mitral funcional essa proporção é distorcida.
Outro aspecto importante da aplicação do Phi no sistema cardiovascular exemplifica-se na distribuição das artérias coronárias. Anatomicamente, estudo de Ashrafian et al. demonstrou que a relação entre os diâmetros e a soma dos 13 principais ramos coronários obedece ao número de ouro. Além disso, parece haver correlação entre a proporção áurea e as arvores coronarianas que geram um fluxo miocárdio fisiologicamente adequado.
Em suma, nosso corpo e, em especial, o sistema cardiovascular, parece ser projetado em uma medida precisa, que o torna funcionante. Essa proporção, ligada inicialmente ao conceito de beleza, mostra-se também útil para que entendamos a funcionalidade normal do coração e, a partir disso, o processo de adoecimento do mesmo. Nosso próximo desafio é aplicar esse conhecimento no diagnostico precoce, terapêutica e prognóstico de doenças cardiovasculares.
Referências Bibliográficas
- Ashrafian H, Athanasiou T. Fibonacci series and coronary anatomy. Heart Lung Circ Jul 2011;20(7):483–484.
- Henein MY, Zhao Y, Nicoll R, et al: The human heart: application of the golden ratio and angle. Int J Cardiol 2011;150: 239-242.
- YALTA, K.; OZTURK, S.; YETKIN, E. Golden Ratio and the heart: A review of divine aesthetics. International Journal of Cardiology, 2016; 214;107-112.