Desde o final da década de 80, cirurgiões de todo o mundo buscam alternativas pré- natais que possam evitar desfechos desfavoráveis em crianças que nascem com cardiopatia congênita. Essas alterações podem ser diagnosticadas por Ultrassom fetal a partir da 12° semana de gestação. Sabe-se que a fisiopatologia de algumas cardiopatias congênitas se inicia com defeitos simples (atresia ou estenose valvar, por exemplo), que alteram o desenvolvimento embrionário cardíaco e levam a mal- formações complexas ao nascimento.
É o caso da Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE). Nessa síndrome, a estenose da valva aórtica leva a uma modificação do desenvolvimento do ventrículo esquerdo, valva aórtica, aorta ascendente, além de lesões secundárias no miocárdio e pulmões. Uma intervenção intra- útero possibilita que o feto tenha um desenvolvimento cardíaco favorável , gerando uma circulação cardíaca biventricular após o nascimento.
O primeiro procedimento corretivo, chamado de Valvuloplastia aórtica, foi feito em 1989, porém com resultados pouco satisfatórios. Entretanto, em revisões recentes da literatura que abrangeram os principais centros do mundo que fazem esse procedimento, citam uma taxa de sucesso de 75% na dilatação da estenose aórtica. Desses casos de sucesso, aproximadamente, 2/3 evoluem com uma circulação biventricular após o nascimento. Além disso, os trabalhos atribuem uma maior taxa de sucesso a times multidisciplinares mais treinados e à seleção criteriosa dos pacientes a serem submetidos.
Algumas dificuldades encontradas pelos pesquisadores são equipamentos proporcionais à anatomia do feto e melhor entendimento sobre a hemodinâmica fetal, tanto antes quanto após o procedimento.
Com o desenvolvimento da cirurgia cardíaca fetal, houve a necessidade do surgimento de suporte circulatório para esse tipo de cirurgia. A circulação extracorpórea chamada de “fetal cardiopulmonar bypass” é voltada para o suporte do feto e da placenta durante o procedimento. Ela ainda se encontra em estágios iniciais de desenvolvimento, mas se preconiza o uso de um fluxo sanguíneo elevado e pulsátil, para a preservação da placenta e da microcirculação.
Referências:
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2. Arzt W, Tulzer G, Wertaschnigg D, Veit I, Klement F, Gitter R. 2011. Intrauterine aortic valvuloplasty in fetuses with critical aortic stenosis—experiences and results of 24 procedures. Ultrasound Obstet Gynecol 37(6): 689–695.
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