Em maio deste ano, foi publicado um artigo1 sobre troca de valva aórtica transcateter (transcatheter aortic-valve replacement – TAVR) em pacientes de baixo risco. No princípio, essa técnica era utilizada apenas em pacientes de alto risco cirúrgico, passando a ser utilizada naqueles com risco intermediário e chegando, agora, àqueles de baixo risco.
Nesse estudo multicêntrico e randomizado com 1.000 pacientes, foram incluídos os que tinham estenose aórtica grave por calcificação e considerados de baixo risco (levando-se em conta condições clínicas e anatômicas), sendo acompanhados por 1 ano. Como resultado, o estudo mostrou que com a TAVR houve uma taxa menor de morte, acidente vascular cerebral e reospitalização quando comparada à cirurgia convencional (8,5% vs. 15,1%) em 1 ano. Além disso, o estudo destacou mais dois pontos: 1) a TAVR foi associada a uma taxa significativamente menor de nova fibrilação atrial, menor tempo de hospitalização e menor risco de falha de tratamento; 2) a qualidade de vida dos pacientes aumentou mais rapidamente após a cirurgia. Desse modo, o estudo concluiu que a TAVR teve resultados significativamente melhores em 1 ano que a cirurgia convencional. O artigo faz uma ressalva importante de que é necessário realizar acompanhamento de longo prazo para melhor avaliação da durabilidade da TAVR.
Em agosto deste ano, a FDA (Food and Drug Admnistration), órgão regulador dos Estados Unidos, aprovou o uso de dois modelos de TAVR (como resultado de dois estudos clínicos distintos, sendo um citado acima) para o uso em pacientes com estenose aórtica grave com baixo risco de morte ou complicações maiores2. Foi o primeiro órgão regulatório a aprovar a técnica para esse tipo de paciente, aumentando exponencialmente a quantidade de pessoas que podem ser tratadas desta forma. A FDA, no entanto, exigiu que as fabricantes mantenham vigilância dos pacientes por um período de 10 anos, a fim de ter uma avaliação contínua da segurança e eficácia a longo prazo.
Os resultados completos da abrangência de todo o espectro de risco da TAVR só serão vistos em alguns anos, quando estudos comparativos de longo prazo indicarão não inferioridade ou até superioridade em relação à cirurgia convencional.
Para entender um pouco melhor como é realizada a TAVR, veja o vídeo abaixo!
Referências
- Mack MJ, Leon MB, Thourani VH, Makkar R, Kodali SK, Russo M, et al. Transcatheter aortic-valve replacement with a balloon-expandable valve in low-risk patients. N Engl J Med. May 2 2019;380918):1695-1705.
- S Food and Drug Administration. FDA expands indication for several transcatheter heart valves to patients at low risk for death or major complications associated with open-heart surgery. Disponível em: https://www.fda.gov/news-events/press-announcements/fda-expands-indication-several-transcatheter-heart-valves-patients-low-risk-death-or-major [Acesso em: 10 set. 2019].