A síndrome do desfiladeiro torácico (SDT) é caracterizada pela compressão anormal do plexo braquial na região do desfiladeiro torácico, limitando as atividades habituais dos indivíduos acometidos. Frequentemente, esses pacientes apresentam-se com queixas de dor, fraqueza e parestesia, principalmente em mãos e dedos [1].
Existem três locais clássicos de compressão. O primeiro deles é o triângulo interescalênico, cujos limites são o escaleno anterior (inserção na 1ª costela), médio (inserção na 2ª costela) e clavícula. Dentro desse triângulo passam a artéria subclávia e o plexo braquial, sendo o primeiro obstáculo que o feixe vasculonervoso encontra.
O segundo local é o espaço costoclavicular, formado pela face anterior da primeira costela e pelos terços interno e médio da clavícula; o terceiro é o espaço retrocoracopeitoral, em que, por trás do músculo peitoral menor, passam veia, artéria e plexo braquial.
A compressão nervosa é a mais comum. Apesar disso, a compressão vascular, que pode ser arterial ou venosa, é a mais grave e importante. Quando a compressão é arterial, os sintomas ocorrem em decorrência da isquemia, gerando dor, palidez, cianose, fadiga e alterações tróficas como úlceras e gangrenas em casos mais avançados. Quanto a compressão é venosa, os sintomas são sensação de peso, dor e ingurgitamento da extremidade superior, especialmente no ombro e na região peitoral[2,3].
Os fatores de risco são diversos, sendo os mais importantes: idade avançada, profissão, hábitos de vida, traumas e alterações torácicas. O sexo feminino é o mais acometido, pela presença das mamas e pelo fato de o tórax ser mais estreito. Além disso, indivíduos que praticam exercícios físicos repetitivos podem apresentar os sintomas com maior intensidade[1].
Manobra dos escalenos: produz a elevação da primeira costela e tensiona os escalenos, reduzindo o triângulo intercostoescalênico. Caso o pulso diminua ou desapareça, o sinal é positivo.
O tratamento em grande parte das vezes é conservador. Em geral utilizam-se analgésicos simples, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, tranquilizantes, compressas quentes, repouso e fisioterapia[4]. Orienta-se o paciente a emagrecer se for obeso, mudar de profissão, evitar hiperabduzir os braços, carregar objetos pesados e/ou bolsas.
Caso o tratamento conservador não seja eficiente, pode-se optar pelas técnicas cirúrgicas, que consistem na descompressão dos seguintes pontos anatômicos: músculo escaleno anterior, costela cervical, primeira costela, clavícula e outras estruturas que possam comprimir o feixe vasculonervoso.
A ressecção da primeira costela é a base do tratamento cirúrgico[5], podendo ser realizada através das vias supraclavicular, paraescapular ou transaxilar.
Este vídeo demonstra a ressecção da primeira costela por via transaxilar:
REFERÊNCIAS
- Klaassen Z, Sorenson E, Tubbs RS, Arya R, Meloy P, Shah R, et al. Thoracic outlet syndrome: a neurological and vascular disorder. Clin Anat. 2014;27:724-32. doi: 1002/ca.22271.
- Ferrante MA, Ferrante ND. The thoracic outlet syndromes: Part 2. The arterial, venous, neurovascular and disputed thoracic outlet syndromes. Muscle Nerve. 2017;55:782-93.
- Judy KL, Heymann RL. Vascular complications of thoracic outlet syndrome.Am J Surg. 1972;123:521-31.
- Povlsen B, Belzberg A, Hansson T, Dorsi M. Treatment for thoracic outlet syndrome. Cochrane Database Syst Rev. 2010;20:CD007218. PMid:20091624.
- Urschel HC, Razzuk MA. Neurovascular compression in the thoracic outlet. Changing management over 50 years. Ann Surg. 1998;228:609-17.
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