A veia safena é o enxerto mais conhecido durante a cirurgia de revascularização de miocárdio. Idealmente, esse enxerto deveria durar por toda a vida do paciente. Entretanto, alguns fatores são capazes de influenciar a patência da veia safena, culminando na perda do enxerto por oclusão ou estenose1.
Durante o primeiro ano após a cirurgia, a perda é decorrente de trombose, falhas técnicas ou hiperplasia do vaso, ao passo que, com mais de um ano pós-operatório, a principal causa de perda do enxerto é a aterosclerose. O principal fator envolvido nesse processo é a inflamação, aumentando a ativação plaquetária1,2.
São realizados diferentes estudos que buscam identificar os fatores de risco envolvidos na duração do enxerto. Sabe-se que idade avançada, diabetes mellitus, cirurgia prolongada e dislipidemia estão associados a uma menor duração. Por outro lado, pacientes que mantêm fração de ejeção preservada apresentam maior durabilidade do enxerto1,2.
Estudo realizado na Turquia e publicado no Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery buscou identificar dados clínico-laboratoriais que pudessem predizer a falência do enxerto de veia safena. Os pesquisadores concluíram que a amplitude de variação do tamanho das plaquetas (mais conhecida pela sigla em inglês PDW, de platelet distribution width) é um bom parâmetro para esse objetivo, pois a alta PDW está relacionada à perda precoce do enxerto, sugerindo que a anisocitose é associada à maior ativação plaquetária, levando a processos de aterosclerose e posterior oclusão do vaso1.
As plaquetas cumprem um papel importante na inflamação, liberando serotonina e outras substâncias oxidativas, propiciando o espessamento da parede do vaso, trombose e aterosclerose3. Outros estudos evidenciam que a relação plaquetas/linfócitos e o volume médio plaquetário também têm relação com a falência do enxerto4.
A falência do enxerto de veia safena é relativamente comum e depende de fatores relacionados tanto à cirurgia quanto ao paciente. O preparo da veia durante a operação e as terapias farmacológicas são medidas que visam a controlar o risco de falência. Identificar esse risco é útil no manejo pré e pós-operatório dos pacientes, visando a reduzir a morbimortalidade relacionada à intervenção cirúrgica nas doenças cardiovasculares.
Referências
- İyigün T, Kyaruzi MM, Timur B, Satılmışoğlu MH, İyigün M, Kaya M. The predictive effects of clinical hematological changes on saphenous graft patency after coronary artery surgery. Braz J Cardiovasc Surg. 2019;34(3):297-304.
- Hess CN, Lopes RD, Gibson CM, Hager R, Wojdyla DM, Englum BR, et al. Saphenous vein graft failure after coronary artery bypass surgery: insights from PREVENT IV. Circulation. 2014;130(17):1445-1451.
- Shukla N, Jeremy JY. Pathophysiology of saphenous vein graft failure: a brief overview of interventions. Curr Opin Pharmacol. 2012;12(2):114-120.
- Yayla C, Canpolat U, Akyel A, Yayla KG, Yilmaz S, Açikgöz SK. Association between platelet to lymphocyte ratio and saphenous vein graft disease. Angiology. 2015;67(2):133-138.