Não há dúvidas de que o modelo de saúde atual se tornou insustentável, especialmente, devido à questão do financiamento.
O modelo de financiamento atual se baseia no pagamento por serviço, segundo o qual o médico ou prestador do serviço de saúde recebe o pagamento pelo seu serviço pela quantidade de serviço que presta, sem levar em consideração o desfecho clínico do paciente e a qualidade do atendimento. Além disso, os valores pagos pelos procedimentos possuem alta variabilidade em relação ao prestador de serviço e em relação a quem paga. No campo da cirurgia cardíaca, esse problema toma uma proporção maior porque o paciente terá, necessariamente, que ter uma indicação cirúrgica. O papel da saúde preventiva se torna pouco relevante na especialidade, já que, dificilmente um paciente sem grave comorbidade irá ser referido a um cirurgião cardíaco para prevenção e promoção de saúde.
Por isso, fala-se hoje em gestão de qualidade e não somente na oferta de procedimentos padronizados para os pacientes e, sim, no seu desfecho final, que seria a promoção de saúde garantindo que o paciente saia satisfeito da instituição. Para que isso seja implementado, é necessário investimento em tecnologia e em educação de todos os profissionais que fazem parte do processo. Esse modelo é conhecido como pagamento por valor.
Existem, basicamente, quatro modelos desse tipo de remuneração que são:
– Instituição responsável pelo cuidado, em inglês, “Accountable Care Organization” (ACO): se baseia numa parceria entre médicos, hospitais e outros prestadores dos serviços de saúde. Nesse modelo, há uma tentativa de melhorar a qualidade, reduzir do custo e aumentar a satisfação do paciente. Os prestadores de serviço são responsáveis pela melhora da qualidade com manutenção ou redução do custo, através de uma melhor coordenação e expansão da saúde preventiva. Planos de saúde se aliam a médicos e ao próprio sistema de saúde para compartilhar ferramentas de gestão, modelos de risco financeiro, dados e tecnologia, que auxiliam na comunicação na rede.
– Cuidado médico domiciliar centrado no paciente, em inglês, “Patient- centered medical home” (PCMH): é um modelo centrado no médico de saúde primária, que seria o responsável por coordenar todo o sistema de saúde. O profissional recebe os dados de saúde e custo dos seus pacientes e são dados incentivos financeiros baseados em ferramentas específicas de medidas de qualidade. Os resultados positivos são compartilhados com outros times médicos.
– Pagamento por performance, em inglês, “Pay for performance” (P4P): nesse modelo, há recompensa para médicos e hospitais que melhoram a qualidade da experiência do paciente. Médicos, hospitais e planos de saúde definem os parâmetros a serem utilizados para medir a qualidade associada a maior eficiência.
– Pacote de pagamentos, em inglês,” Bundle payments”: o pagamento é feito de uma única vez de todo o processo de internação do paciente. Os valores pagos se baseiam no pagamento esperado para tal procedimento em um serviço privado, assim como os custos de todos as complicações esperadas. Há redução do excesso de tratamento, reinternações e da duração do tempo da internação.
Assim, é preciso adequar o sistema de saúde ao que é esperado pelo paciente moderno. Atualmente, não é suficiente para o paciente somente sair curado do que o levou ao hospital. A experiência do paciente também deve ser valorizada.
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