Sala híbrida: a união entre cirurgia cardiovascular, cardiologia e radiologia intervencionista

“Grandes cirurgiões, pequenas incisões.” Esta frase representa uma tendência observada atualmente na medicina: grandes avanços são feitos para que as cirurgias sejam menos invasivas, contribuindo para o pós-operatório do paciente. Ao mesmo tempo, áreas como a Hemodinâmica e a Cardiologia e Radiologia intervencionistas desenvolvem técnicas para tratar casos cada vez mais complexos. Esta tendência resultou na necessidade de cuidar dos pacientes em salas nas quais essas diferentes áreas pudessem trabalhar em conjunto. Imagine uma sala de cirurgia de última geração, em que o cirurgião pode realizar sua operação convencional, aliada a equipamentos de exames de imagem em alta definição e procedimentos intervencionistas, tudo no mesmo local: são as salas híbridas.

Foto de uma sala híbrida em que é possível notar a mesa cirúrgica cercada por monitores e outros equipamentos.

 

As salas cirúrgicas híbridas já são vistas em todo o mundo e estão presentes em alguns centros de excelência no Brasil. Podem ser utilizadas em diferentes especialidades, como na Cardiologia, Neurologia e Ortopedia/Traumatologia. Além de todos os componentes de uma sala cirúrgica habitual, também podem ser encontrados equipamentos de radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia, angiografia, múltiplos monitores e mesas radiotransparentes, entre outros equipamentos, que variam de acordo com a finalidade da sala na instituição. Em se tratando do coração, os principais procedimentos realizados são os mostrados no quadro a seguir:

 

 

Essas salas permitem a realização de exames diagnósticos e procedimentos intervencionistas durante o tempo cirúrgico, o que resulta em mais segurança para o paciente. Vários estudos mostram que essa associação reduz o tempo de internação, além de facilitar o tratamento de alguma complicação decorrente de um procedimento. Ao permitir a realização de mais técnicas minimamente invasivas, a sala híbrida também contribui para um resultado mais estético e menor trauma cirúrgico. Angiografia e ecocardiograma transesofágico podem ser realizados logo após a cirurgia para identificar a presença de um possível vazamento, levando à resolução precoce dessa complicação e a aumento da taxa de sucesso das cirurgias.

Uma das maiores dificuldades apresentadas pelas instituições de saúde para instalar uma sala híbrida é o preço. O investimento necessário para a aquisição de todos os equipamentos modernos é muito elevado. Como a quantidade de profissionais e equipamentos presentes nesta sala é maior que em salas convencionais, sua área deve ser de, no mínimo, 60 a 70 m2, além de ter uma área reservada para servir como central de controle de toda a tecnologia usada e cuidados com controle da radiação emitida e isolamento do setor.

Ainda assim, é inegável que as salas híbridas cumprem um papel importante nos avanços da cirurgia cardiovascular. Perspectivas futuras mostram cada vez mais salas híbridas sendo instaladas e aumentando a interação entre profissionais, com cardiologistas, cirurgiões cardiovasculares, anestesiologistas, perfusionistas, radiologistas e cardiologistas intervencionistas – equipe conhecida como heart team – discutindo condutas em conjunto. Dessa forma, a medicina acompanha o avanço tecnológico e quem ganha com isso, claro, é o paciente!

BIBLIOGRAFIA

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The cardiovascular hybrid OR-clinical & technical considerations. CTSNet [acesso em 29 jan. 2018]. Disponível em: https://www.ctsnet.org/article/cardiovascular-hybrid-or-clinical-technical-considerations.

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