Mundialmente, o câncer de mama possui mais de um milhão de casos por ano. É a segunda neoplasia mais frequente em mulheres, sendo que é o tipo de câncer com maior mortalidade no sexo feminino.
O INCA (Instituto Nacional do Câncer) estima que para os anos 2016/2017 deve haver, no Brasil, cerca de 57.960 novos casos de câncer de mama, correspondendo a 28,1% dos novos casos de câncer.
Alguns tipos de câncer de mama, quando descobertos precocemente, possuem elevadas chances de cura e sobrevida. O tratamento para esse tipo de câncer vem alcançando maiores chances de cura à medida que a ciência evolui. Alguns marcadores moleculares permitem terapias direcionadas especificamente ao tipo celular que causa a neoplasia, como é o exemplo do câncer que expressa a proteína HER2 (Human Epidermal Growth Factor 2).
Apesar disso, grande parte das mulheres acometidas por esse câncer, precisa ser submetida a quimioterapia e radioterapia convencionais. As principais doenças cardiovasculares associadas ao uso de radioterapia são: infarto agudo do miocárdio, arritmias, cardiomiopatias, doença coronariana e doenças valvares cardíacas.
Estudos dos anos 1960 e 1970 mostraram um aumento de 30% de doenças cardiovasculares em mulheres submetidas à radioterapia. Porém, nessa época, os esquemas de tratamento eram mais agressivos e o coração era submetido à radiação diretamente. Estudos mais recentes publicados em 2010 não mostraram aumento da incidência de doença cardiovascular em mulheres submetidas à radioterapia após um período de 10 anos de acompanhamento.
As Antraciclinas são as principais responsáveis pelos efeitos deletérios cardíacos após a quimioterapia. Elas causam cardiomiopatias, que levam à redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, e estão associadas à insuficiência cardíaca, arritmias e doenças valvares cardíacas. Entretanto, esses estudos possuem vieses populacionais que não se aplicam a toda a população submetida a esse tratamento.
Num estudo recente, selecionou 561 mulheres com diagnóstico de câncer de mama e que foram submetidas à radioterapia, quimioterapia ou somente cirurgia. O risco de desenvolver doenças cardiovasculares dessas mulheres foram comparados ao risco de mulheres submetidas aos mesmos critérios de exclusão. O estudo concluiu que não houve diferença no risco de desenvolver doença cardiovascular entre o grupo submetido à radioterapia e a população não submetida ao tratamento (grupo controle). Já o grupo submetido à quimioterapia mostrou um aumento no risco de desenvolver doença cardiovascular em relação ao grupo controle.
Por fim, faltam ainda estudos mais detalhados para a respeito do risco cardiovascular do tratamento para o câncer de mama. Os resultados mais recentes mostram uma melhor condição cardiovascular das pacientes após o tratamento, mas a detecção precoce continua sendo fundamental para o prognóstico.
Referências:
– Siegel RL, Miller KD, Jemal A. Cancer Statistics, 2017. CA Cancer J Clin 2017; 67:7.
– World Health Organization (WHO). Breast cancer: prevention and control. www.who.int/cancer/detection/breastcancer/en/index1.html (Accessed on December 12, 2013).
– Anderson BO, Yip CH, Smith RA, et al. Guideline implementation for breast healthcare in low-income and middle-income countries: overview of the Breast Health Global Initiative Global Summit 2007. Cancer 2008; 113:2221.
– Torre LA, Bray F, Siegel RL, et al. Global cancer statistics, 2012. CA Cancer J Clin 2015; 65:87.
– Boerman LM1, Berendsen AJ, van der Meer P, Maduro JH, Berger MY, de Bock GH. Long-term follow-up for cardiovascular disease after chemotherapy and/or radiotherapy for breast cancer in an unselected population. Support Care Cancer. 2014 Jul;22(7):1949-58. doi: 10.1007/s00520-014-2156-9. Epub 2014 Mar 2.
– La Vecchia C, Bosetti C, Lucchini F, Bertuccio P, Negri E, Boyle P, Levi F (2010) Cancer mortality in Europe, 2000–2004, and an overview of trends since 1975. Ann Oncol 21:1323–1360.
– Early Breast Cancer Trialists’ Collaborative Group (EBCTCG) (2005) Effects of chemotherapy and hormonal therapy for early breast cancer on recurrence and 15-year survival: an overview of the randomised trials. Lancet 365:1687–1717.
0