SETEMBRO VERMELHO – O PIT STOP DO CORAÇÃO

Na Fórmula 1, o pit stop é uma parada obrigatória durante a corrida para que os pilotos possam trocar pneus e reabastecer os seus carros. É um momento muito bem calculado e talvez seja uma das etapas mais decisivas para vitória de um corredor; um minuto de demora a mais e o prejuízo na corrida pode ser crucial. Contudo, uma volta a mais antes da parada pode trazer consequências ainda piores. A ideia é fazer a manutenção necessária antes de algo dar errado e no tempo exato. Toda máquina precisa de revisão, manutenção e, às vezes, um conserto.

Imagem da internet mostrando de um pit stop de Fórmula 1

Com o coração não é diferente, afinal, ele é uma máquina, responsável por bombear o sangue por todo o corpo. Podemos dizer que essa máquina tem duas bombas, que são os ventrículos; se um falhar, dificilmente recuperamos a máquina, e assim precisaríamos de uma troca – no caso, um transplante. Sim, como toda máquina, ele também precisa de revisão, manutenção e, às vezes, um conserto.

Podemos dizer que os responsáveis pelos consertos são os cirurgiões cardiovasculares. A manutenção são as mudanças de hábitos de vida e intervenções farmacológicas – sabe o remedinho que você toma para a pressão todos os dias? Ele ajuda na manutenção do seu coração; por fim, a revisão se trata da prevenção, os “check-ups” periódicos.

Em um mundo ideal, poderíamos ficar tranquilos com nossa máquina porque, se algo desse errado, prontamente consertaríamos. Mas a realidade não é bem essa. No Brasil, cerca de 71% dos brasileiros utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS), dependendo exclusivamente dele para acesso à saúde. Isso gera o que todos nós, brasileiros, sabemos: filas “quilométricas” de espera para consultas e cirurgias. Esperar pelo conserto nem sempre é o caminho mais seguro.

Diante disso, com a ideia de chamar a atenção para a saúde cardiovascular, foi criada a campanha Setembro Vermelho, uma iniciativa criada em 2000 pela Federação Mundial do Coração, que traz conscientização sobre as doenças que mais levam ao óbito no mundo – o infarto agudo do miocárdio (IAM) e o acidente vascular cerebral –, bem como a disseminação de formas para preveni-las.

Em 2022, de acordo com o Journal of the American College of Cardiology, cerca de 400 mil brasileiros perderam suas vidas em decorrência de doenças cardiovasculares. No mundo, houve um aumento de quase 40% de óbitos nas últimas duas décadas.

A principal causa das duas doenças cardiovasculares que mais matam no mundo é a mesma: a hipertensão arterial sistêmica. Dados do Ministério da Saúde Brasileiro apontam que houve aumento de 3,7% no número de hipertensos adultos nos últimos 15 anos. Parece um aumento pequeno, mas que só considera as pessoas diagnosticadas e em tratamento/acompanhamento; um terço da população mundial tem pressão alta.

A hipertensão é uma doença silenciosa, ou seja, não vem acompanhada de sinais e sintomas e, por isso, muitas vezes é ignorada pela população. São vários os fatores de risco associados a ela, sendo os principais deles fatores genéticos e de estilo de vida, que envolvem sedentarismo, tabagismo, obesidade e alimentação rica em sódio. E as consequências da hipertensão podem ser irreparáveis ou deixar sequelas para sempre: IAM, acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca, aneurisma, doença arterial periférica, aneurismas, doença renal crônica e doenças associadas aos distúrbios de visão.

De acordo com o Ministério da Saúde, a cada ano cerca de 300 mil indivíduos sofrem IAM e em cerca de 30% dos casos ocorre óbito. A estimativa é que até 2040 o índice deva sofrer um aumento de até 250%.

Imagem do cardiômetro, disponível no site da Sociedade Brasileira de Cardiologia, mostrando o número de mortes por doenças cardiovasculares no Brasil no ano de 2024 até o dia 28 de agosto de 2024.

Como já mencionado, uma das principais causas do IAM é a hipertensão arterial, pois a pressão alta danifica as artérias e aumenta o risco de formação de coágulos; além disso, a pressão elevada exerce uma força constante e excessiva nas paredes dos vasos sanguíneos, causando danos ao longo do tempo.

Quando uma pessoa sofre um IAM, uma parte do fluxo sanguíneo que irriga o coração é interrompida, impedindo que oxigênio e nutrientes cheguem ao músculo cardíaco, levando à necrose das células cardíacas. As consequências dessa perda de fluxo podem ser insuficiência cardíaca, choque cardiogênico, arritmias cardíacas, fraqueza muscular, perda da qualidade de vida e morte.

O tratamento para o IAM envolve terapia farmacológica, angioplastia ou cirurgia de revascularização do miocárdio, também conhecida como “ponte de safena” ou bypass, um procedimento que redireciona o fluxo sanguíneo para que chegue a todo o coração.

Imagens do arquivo pessoal de Patricia Celestino.

Apesar de essa ser uma cirurgia incrível, é possível evitá-la. Nem toda máquina precisa de conserto quando é bem tratada e está com sua manutenção em dia.

No dia 29 de setembro se comemora o Dia Mundial do Coração, um dia simbólico para nos lembrarmos de cuidar do órgão mais lindo e um dos mais fundamentais do corpo humano.

Faça seu pit stop: cuide do seu coração!

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